Talleres denuncia xenofobia de jogador do São Paulo na Libertadores 2025; Veja

Acusação de xenofobia marca o jogo entre Talleres e São Paulo na Libertadores 2025

Luís

Luís

Na noite de 27 de maio de 2025, o São Paulo venceu o Talleres por 2 a 1 no Morumbis e garantiu a vaga nas oitavas da Libertadores 2025.

Mas a festa virou polêmica: o lateral Miguel Navarro, do Talleres, acusou um jogador do São Paulo, o volante Damián Bobadilla, de xenofobia durante a partida.

Siga o BRG365 e entenda o caso, as reações, o papel da Conmebol e por que é urgente combater a xenofobia no futebol.

Talleres denuncia xenofobia de jogador do São Paulo(BRG365)

Caso de xenofobia no jogo Talleres x São Paulo

O incidente aconteceu aos 41 minutos do segundo tempo, logo após o São Paulo marcar seu segundo gol.

Durante os festejos em campo, houve um desentendimento entre Navarro e Bobadilla.

De acordo com Navarro, ao pedir que o árbitro apressasse a retomada do jogo, ouviu de Bobadilla a frase: “Venezuelano morto de fome”, em alusão à crise humanitária vivida em seu país.

A reação foi imediata. Navarro caiu em lágrimas, ameaçou deixar o campo e o jogo precisou ser interrompido por cerca de oito minutos.

Companheiros de equipe, adversários e o árbitro Piero Maza, do Chile, tentaram acalmá-lo.

“Nunca me envergonharei das minhas raízes. Irei até as últimas consequências frente ao ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil pelas mãos de Damián Bobadilla”, escreveu Navarro posteriormente em seu Instagram.

Após o apito final, ele se dirigiu ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) instalado no estádio para formalizar a denúncia.

Enquanto isso, Bobadilla deixou o Morumbis sem prestar depoimento à polícia e também sem se pronunciar sobre o caso.

Navarro se manifesta após confusão com Bobadilla(BRG365)

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Linha do tempo da polêmica Navarro x Bobadilla

  • 41' do 2º tempo: Luciano marca o 2º gol do São Paulo.

  • 43': Navarro e Bobadilla discutem.

  • 44': Navarro se emociona e ameaça sair de campo.

  • 45': Jogo é interrompido por cerca de 8 minutos.

  • Pós-jogo: Navarro registra queixa no Jecrim.

  • Mesmo dia: Bobadilla deixa o estádio sem ser localizado pela PM.

  • 28/05: São Paulo informa que jogador se apresentará à DRADE, se necessário.

Navarro vai à polícia após confusão com Bobadilla no jogo São Paulo x Talleres(BRG365)

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Reações à denúncia de xenofobia contra jogador do São Paulo

O caso teve repercussão imediata na mídia e nas redes sociais. Portais como GE, CNN Brasil, Terra, ESPN e UOL destacaram o caso em suas manchetes.

Termos como “Navarro acusa Bobadilla de xenofobia”, “Venezuelano Miguel Navarro denuncia 'xenofobia'”, “São Paulo envolvido em racismo”.

Em entrevista à zona mista, Navarro detalhou o ocorrido:

“Ele disse que a gente sempre faz cera. Respondi que estávamos perdendo. Foi aí que ele me chamou de venezuelano morto de fome.”

Navarro também relatou ter recebido o apoio de jogadores do São Paulo, como o zagueiro venezuelano Ferraresi e o equatoriano Arboleda, ambos do próprio São Paulo, que teriam confirmado ter ouvido a fala de Bobadilla.

O capitão do Talleres, Augusto Schott, foi direto ao associar o episódio a um caso de racismo:

“É duplamente doloroso porque estamos em um país que tanto fala sobre combate à discriminação.”

A solidariedade tomou conta das redes. Jogadores, ex-atletas e jornalistas cobraram uma resposta firme da Conmebol.

Como jornalista esportivo e torcedor, confesso: é frustrante ver o futebol, que deveria ser símbolo de união, ser palco de episódios tão repugnantes.

Não dá mais para tratar esse tipo de situação como “coisa de jogo”. O futebol precisa amadurecer.

Miguel Navarro, do Talleres, acusou Bobadilla, do São Paulo, de xenofobia(BRG365)

São Paulo responde?

Até a publicação deste texto, o São Paulo Futebol Clube ainda não havia emitido nenhuma nota oficial sobre o episódio.

O técnico Luis Zubeldía, em coletiva pós-jogo, evitou o assunto ao dizer que preferia “falar sobre a classificação” da equipe.

A Polícia Militar de São Paulo confirmou ter ido ao vestiário do Morumbis para encontrar Bobadilla, mas o jogador já havia deixado o local.

Segundo o GE, o clube sinalizou que o atleta poderá prestar depoimento à DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), caso seja convocado.

Já o Talleres foi mais ágil. Em suas redes sociais, o clube argentino publicou:

“Estamos com você, Miguel. Suas raízes são motivo de orgulho. O futebol não deve tolerar qualquer forma de ódio.”

O treinador da equipe, Mariano Levisman, confirmou que o jogador foi vítima de xenofobia e pediu apuração transparente por parte das autoridades e da organização do torneio.

A Conmebol, até o momento, mantém silêncio — como infelizmente tem feito em outros episódios similares.

Talleres se manifesta após confusão entre Navarro e Bobadilla(BRG365)

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Casos de xenofobia e racismo na Conmebol

Infelizmente, o caso entre Navarro e Bobadilla não é novidade. Situações de racismo e xenofobia continuam se repetindo no futebol sul-americano, principalmente nos torneios da Conmebol.

Veja alguns exemplos recentes:

  • 2024: Jogadores do Palmeiras Sub-20 sofrem insultos racistas no Paraguai. O Cerro Porteño foi punido com portões fechados e multa de US$ 50 mil, considerada "ineficiente" pela CBF.

  • 2023: Torcedores do San Lorenzo imitam macacos para a torcida do São Paulo. O clube foi apenas multado, mas não houve suspensão.

  • 2022: Torcedores do River Plate jogam uma banana na direção da torcida do Fortaleza. O infrator foi suspenso do clube por seis meses.

A Fifa, em seu 74º Congresso, aprovou novas regras mais duras: clubes podem até perder pontos ou partidas por W.O. em casos comprovados de racismo ou xenofobia.

Já o Ministério Público do Rio de Janeiro(MP-RJ), por meio da campanha “Estamos Vigilantes”, é uma das poucas ações concretas recentes com foco em prevenção e repressão da intolerância no futebol.

A iniciativa é um exemplo que deveria ser seguido em toda a América do Sul.

É preciso ir além das campanhas simbólicas. É hora de transformar discurso em ação — e isso inclui multas efetivas, suspensões de atletas, punições esportivas e, acima de tudo, compromisso institucional.

A cultura do “falou no calor da emoção” não pode mais servir de escudo.

Navarro recebeu apoio de jogadores e do árbitro após o ocorrido(BRG365)

Mais do que futebol, é sobre respeito

O São Paulo se classificou para as oitavas da Libertadores 2025, mas a vitória ficou em segundo plano por causa de uma denúncia séria de xenofobia.

Não é sobre rivalidade de torcidas. É sobre respeito. O futebol precisa ser um lugar de inclusão, não de ofensas e preconceito.

A Conmebol precisa agir com firmeza. E todos nós — torcedores, jogadores, jornalistas e clubes — temos que parar de tratar esse tipo de caso como algo normal.

No fim das contas, o que fica não é só quem ganhou no campo, mas quem teve respeito fora dele.

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Luís

Luís

Jornalista Luís do BRG365, formado pela UFRJ com 3 anos no Globo Esporte (3 edições do Brasileirão e Libertadores). Especialista em análises técnicas e opinativas com dados oficiais da FIFA/CBF.

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